Foi anunciado que o plano de vacinação para a COVID-19 terá início em Janeiro de 2021. Sendo expectável a terapêutica sistémica, torna-se importante a emissão destas recomendações pelo Grupo Português dePsoríase.
Atualmente, encontram-se em ensaios clínicos em humanos mais de 50 vacinas para a COVID-19.
Três vacinas (Pfizer/BioNTech, Moderna e Oxford/AstraZeneca) serão brevemente disponibilizadas para vacinação populacional, assim que sejam licenciadas pelas Agências do Medicamento.
Esta vacinas utilizam RNA mensageiro (Pfizer/BioNTech e Moderna) ou um vector viral geneticamente modificado e sem capacidade de replicação (Oxford/AstraZeneca). Portanto, não são vacinas vivas ou atenuadas.
Os doentes com psoríase, sem uma contra-indicação ou uma alergia conhecida a componentes das vacinas, têm indicação para vacinação contra a COVID-19 assim que possível, dependendo da disponibilidade e do plano de vacinação Português.
À semelhança de outras vacinas, mantêm-se as principais considerações de que:
Vacinas vivas ou atenuadas estão contra-indicadas em doentes sob terapêutica sistémica imunomoduladora/imunossupressora (IM/IS), o que não ocorre com estas vacinas para a COVID-19;
A eficácia da vacinação poderá estar diminuída em doentes sob este tipo de terapêutica.
Os ensaios clínicos destas vacinas, não incluíram doentes sob terapêutica sistémica IM/IS, pelo que a eficácia e segurança destas vacinas nesta população específica não está ainda estabelecida. Noentanto, prevê-se que, à semelhança do que acontece com outras vacinas não-vivas, estas vacinas
para a COVID-19 sejam seguras em doentes com psoríase, incluindo em doentes sob terapêutica sistémica IM/IS. Sempre que possível, a vacinação deverá ser administrada pré-início de terapêutica sistémica IM/IS.
Apesar da possibilidade da vacinação da COVID-19 poder ser menos eficaz em doentes sob terapêutica sistémica IM/IS, mantem-se a sua indicação para estes doentes: a proteção é superior à não-vacinação; se infetado, reduz o risco de hospitalização e complicações graves, acelera a recuperação e diminui o risco de contágio a outras pessoas.
Adicionalmente, deve ser indicado aos doentes que, mesmo após completada a vacinação, deverão ser mantidas as medidas de proteção de contágio, uma vez que a imunização não é imediata.
Alguns doentes poderão questionar o possível efeito da vacina para a COVID-19 na gravidade da sua doença. Não há evidência que a vacinação (em geral) se associe a agravamento ou aparecimento de psoríase. Por isso, tal não é expectável que aconteça com a vacinação para a COVID-19.
Por fim, reforça-se a indicação da vacinação para a gripe em todos os doentes com psoríase.
Este documento foi realizado de acordo com os conhecimentos atuais, que poderão sofrer alteração à medida que novos dados sobre a vacinação se forem acumulando.
(em caso de dúvida consulte o seu Dermatologista)
• Os doentes com psoríase moderada-a-grave sob terapêutica biológica/não-biológica não correm um risco acrescido de serem infetados pelo SARS-CoV-2 (COVID-19);
• Na ausência de evidência científica, assume-se que possam ter um maior risco de complicações e de mortalidade pela infeção, essencialmente em idades mais elevadas e na presença de certas comorbilidades (doença cardiovascular, diabetes, doença respiratória crónica, hipertensão, cancro);
• Em contexto de pandemia, a decisão de iniciar terapêutica biológica/não-biológica deve considerar o risco/beneficio individual, tendo em consideração a situação atual da infeção na comunidade, características do doente (idade, comorbilidades) e da psoríase (gravidade);
• Doentes com infeção ativa COVID-19 não devem iniciar terapêutica biológica/não-biológica até resolução confirmada da infeção;
• Na maioria dos casos, não está aconselhado suspender o tratamento biológico/não-biológico de forma preventiva; a suspensão da terapêutica biológica/não-biológica pode levar ao agravamento da psoríase, não garantindo uma redução do risco de contágio;
• Doentes com COVID-19 confirmada devem suspender terapêutica biológica/não-biológica até resolução confirmada da infeção;
• Doentes com suspeita de COVID-19 (desenvolvimento de sintomas de doença respiratória/infeção - tosse, febre, dificuldade respiratória, etc. - ou contato próximo com pessoas com estes sintomas) devem suspender terapêutica biológica/não-biológica até esclarecimento da situação;
• Se um doente com psoríase sob terapêutica biológica/não-biológica for um contato próximo de um paciente com COVID-19, devem ser seguidas as recomendações nacionais do momento, como em qualquer outra pessoa e o tratamento deve ser suspenso até confirmação que o doente é negativo para COVID-19 ou final do seu período de isolamento;
• Se exposição com contactos de outros contactos (casuais e assintomáticos) com doentes infetados com COVID-19, não deve ser suspensa a terapêutica biológica/não-biológica;
• É fundamental a redução da exposição a COVID-19 para diminuir o risco de infeção. Devem ser reforçadas, junto dos doentes com psoríase sob terapêutica imunomodeladora/imunossupressora biológica/não-biológica, as medidas de redução de risco de infeção:
• Se a infeção COVID-19 estiver disseminada na comunidade, os doentes com psoríase sob terapêutica biológica/não-biológica devem evitar visitas hospitalares que não sejam estritamente necessárias, ponderando a realização de consultas não-presenciais;
• Deve ser recomendada a toma de todas as vacinas apropriadas, incluindo influenza sazonal e pneumocócica (para diminuição de risco de infeção secundária e evitar diagnóstico diferencial com a COVID-19);
• Doentes com psoríase sob terapêutica biológica/não-biológica devem ser desencorajados a viajar para áreas de maior incidência da infeção.
Nota:
Sendo a infeção dinâmica e o seu conhecimento e evidência científica evolua diariamente algumas destas recomendações podem mudar.